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sábado, 26 de novembro de 2011

Dossiê 2014 - O Investidor pt.I

Este texto foi elaborado a partir da palestra do Prof. Dr. Claudio Tavares, realizada no dia 07/11, com o tema "Os investimentos em infraestrutura e real estate". Além disso muitas informações foram coletadas junto ao "Núcleo de Real Estate da POLI/USP" (O Núcleo de Real Estate  é a unidade de prestação de serviços à comunidade do Grupo de Ensino e Pesquisa em Real Estate da Escola Politécnica da USP, orientado para a economia e os negócios no âmbito do Real Estate - realestate.br).


No link seguinte segue a carta do NRE, uma publicação trimestral do Núcleo de Real Estate da POLI - Carta do NRE-POLI - julho/setembro  2010 (no.21-10):

As Oportunidades e os Riscos de Investimentos em Real Estate, fomentados por Eventos Esportivos Globais: A Copa do Mundo de 2014 no Brasil, por Claudio Tavares de Alencar. (CARTA).

Bola pro Mato:
Os investimentos num evento do porte de uma Copa do Mundo visa, basicamente, a atender as demandas existentes. Essas demandas podem ter duas origens:

- Indiretas: espansão e renovação dos parques hoteleiros, aeroportos, mobilidade urbana e todo tipo de infra-estrutura;

- Diretas: construção e/ou modernização de arenas e/ou estádios, instalações esportivas e alojamentos, além de centros de mídia.

Análise - demandas indiretas
- Hotelaria: A FIFA prevê que haja 30% do número de assentos como oferta de unidades hoteleiras. Assim, para um estádio para 60.000 pessoas, precisa-se de 18.000 unidades. A atual situação do Brasil no ramo é crítica, seja nas maiores cidades (Rio de Janeiro e São Paulo), seja nas capitais de menor porte. Há de se frisar que os problemas tem diferentes origens e, logo, diferentes soluções. Uma das questões relevantes em ambas é o overbuilding - que se crie excesso de ofertas a posteriori (que cubram o evento "Copa" e gere ociosidade no período depois do evento). Por um lado, pode-se prever excesso de ofertas em capitais como Salvador e Natal; por outro, vê-se déficit de leitos, como no Rio de Janeiro e em São Paulo. A capital fluminense tem ainda como agravante as Olimpíadas em 2016; São Paulo vive uma situação de turismo de negócio, no qual os hotéis lotam durante a semana de trabalho e esvaziam-se aos fins de semana. Ambas tem a prioridade de construir e ampliar sua rede hoteleira por serem as duas cidades mais visadas pelos turistas no evento e terem a tendência de se consolidarem como "Cidades Globais".

Rio de Janeiro
- Aeroportos: como é de conhecimento geral, os aeroportos brasileiros são, à medida da palavra, uma porcaria. Defasados, pequenos, sub-estruturados são uma dor de cabeça pra quem precisa se deslocar a maiores distâncias. Um evento como a Copa implica alto tráfego de turistas de todo o mundo, o que gera a preocupação de criar aeroportos suficientemente estruturados para recebê-los e, mais importante que tudo, que fique a qualidade para quem permanece no país - de nada adianta maquiar qualidade e após o evento sobreviver os mesmos problemas de antes. Caros e problemáticos, tenta-se atrair agora a iniciativa privada para expandir e administrar os aeroportos, concedendo aos investidores a oportunidade de exploração econômica e comercial do local. Os aeroportos que chamam a atenção dos investidores são, em especial, 5: Guarulhos, Congonhas, Galeão, Santos Dumont e Brasília. Um "problema" atual é o chamado subsídio cruzado, que acarreta que uma empresa que cuide de um desses cinco aeroportos, responsabilize-se por outro de menor porte, por exemplo no Acre. Isso afeta a atual tentativa de acelerar a expansão do setor a tempo.

Aeroporto de Congonhas, São Paulo
A questão do legado: como a querela é muito grande, afinal discutir o legado da Copa não é missão para algumas linhas, vamos abordar apenas a alguns aspectos. Eventos esportivos de grande porte (Olimpíadas e Copa do Mundo) são, obrigatoriamente onerosos para as nações; daí muitos especialistas dizerem que esses eventos devem pertencer apenas a países ricos. Dois exemplos antagônicos podem ser citados: A Grécia investiu tudo o que podia e não podia nas Olimpíadas de Atenas, em 2000; 11 anos depois, o país está falido - muito em decorrência do evento. A China, por outro lado, abrigou as Olimpíadas de 2008 gastando dinheiro público à vontade; no entanto, apesar do déficit gigantesco, a missão do país era mostrar uma nova China para o mundo, moderna e livre (um pouco) - conseguiu.

No Brasil, uma vez a Copa instalada aqui, está implantada a necessidade de aproveitá-la como instrumento catalisador da ampliação da infra-estrutura local, seja nas pequenas, médias ou grandes cidades. Isso pois o Brasil é sabidamente um país cuja infra básica é extremamente precária.Além disso, cria-se a oportunidade de fincar São Paulo e Rio de Janeiro como Cidades Globais, ou seja, que se tornem atrativas para investimentos e negócios.

Um ponto que veremos com maior afinco são os gastos públicos. Num país em que a corrupção é parte do dia-a-dia, do noticiário e muitas vezes exaltada pelos próprios que a executam, a parcela de dinheiro público investido deve ser bem acompanhado pela sociedade e pela mídia, a fim de se evitar desperdícios e desvios. Além, claro, de contestar a presença desse dinheiro em grandes arenas, fruto de parcerias frias e corruptas.

Por fim, deve-se exaltar o legado técnico e gestorial. Adquire-se um grande know-how para grandes eventos e a possibilidade de evoluir e estimular uma geração de engenheiros, gestores, administradores, etc.

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