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sábado, 17 de abril de 2021

Os meninos de Isaac Newell

O novo desafio é na Argentina, é com a camisa do Newell's Old Boys!

Muitas histórias trariam Castro à Província de Santa Fé. 

Uma passagem anterior, discreta, chamava a necessidade de completar uma história inacabada, a América. Quando dirigiu a equipe, no distante FIFA14, o sonho não fora completado e agora era a hora perfeita. 

Muito mais além do que se poderia querer, soma-se a necessidade à lenda de Diego Maradona, falecido em 2020, e a quem a homenagem de dirigir o manto era necessária. Poderia aqui discorrer linhas e linhas falando da pitoresca passagem de El Pibe de Oro, mas creio que esse documentário valha demais a viagem, disponível no youtube e mega recomendado por nós - Un Dios en el Parque - https://www.youtube.com/watch?v=N6rGSKjf9SQ&feature=emb_title

E se Maradona parece suficiente, em Rosário também se revelou ao mundo Lionel Messi, apenas isso. Um dos maiores da história, para muitos o maior. 

E se dissermos que nos gramados do Coloso também deu seus primeiros chutes nada menos que Gabriel Batistuta, ainda de cabelos curtinhos, sem a fúria inspirada pelo Rock'n Roll e todos os protestos políticos. É muita história para a apaixonada torcida leprosa.

Castro recebeu o clube rojinegro com dificuldades financeiras em 2021 e tinha um trabalho extra-campo, como gestor de todo o futebol e sua estrutura. Com um elenco fraco em mãos, o primeiro objetivo era reformular ao menos 50% dos jogadores, com austeridade financeira - um limite de US$12.000 para salários semanais (exceção feita aos capitães Pablo Perez, Maxi Rodriguez e Scocco, com teto 25% maior) para a primeira temporada, um padrão baixo para as pretensões de título ou vaga na Libertadores, algo com um terço da verba que teria o River Plate, por exemplo. E assim começou a montagem do elenco para a primeira temporada, com 22 atletas.

Alguns reforços que em tese ganhariam mais, tiveram parte dos salários posicionados como bônus, aliviando a folha semanal e vinculando pagamentos ao sucesso individual e coletivo do clube. Esse foi o caso de Guillermo Ochoa, histórico goleiro mexicano, que aportou em Rosário aos 35 anos, e Álvaro Gargano, volante da seleção uruguaia. 

Ainda era um período de baixa colheita na base; no começo de trabalhos, foram contratados olheiros e distribuídos especificamente na América do Sul, em países como Uruguai, Chile e Colômbia - além da própria Argentina. 

Deste modo, o elenco para o primeiro ano foi: Goleiros | Ochoa e Blázquez; Defensores | Nadalin, Auro, Fontanini, Reyes, Moreno, Capasso, Guanini e Gentileti; Meio-campistas | Formica, Maxi Rodriguez, N. Castro, Pablo Perez, Oliveira, Gargano, Cacciabue e A. Castro; Atacantes | Scocco, Chavez, F. Gonzalez e B. Rodriguez. O elenco curto não importou à medida que o ano seria resumido aos 23 jogos do campeonato local e a Libertadores ainda era um sonho distante.

O campeonato, aliás, desenvolveu-se bem para o Newell's. A defesa custou a pegar forma, o meio-campo custou a entrosar como deveria - mas as vitórias na raça foram embalando os comandados de Castro. 

Na defesa, Auro logo se destacou principalmente no setor ofensivo. com 4 gols e 5 assistências; Moreno chegou como grande revelação e logo se posicionou como principal zagueiro do elenco acirrado na posição. No meio-campo, Mauro Formica cresceu absurdamente ao longo da temporada, foi o perfeito enganche com 12 gols e 17 assistências, líder deste quesito no torneio. Pablo Perez e Walter Gargano seguraram a volância com uma experiência somada de mais de setenta anos. Maxi Rodriguez, capitão do time, encerrou o ano com ótimos números, 8 bolas na rede e 8 passes para gol. A grande revelação aqui, ainda, foi Nicolas Castro, reserva imediato de Mauro e autor de 5 gols e 4 assistências.

Já no ataque, o grande nome, claro, foi Ignacio Scocco. Aos 35 anos de idade, o veterano hiper identificado com a camisa vermelha e preta, deixou 23 tentos e 12 assistências, liderando a artilharia da competição - fez gols importantes e lembrou seus melhores momentos da carreira. Como reserva imediato, Andrés Chavez deixou 14 gols na liga argentina e decidindo muitos jogos vindo do banco.

Com todos esses números, podem imaginar o quão espetacular foi a campanha. Entretanto, havia uma grande pedra no sapato e ela vinha de Buenos Aires: o River Plate, de Marcelo Gallardo.

Mesmo batendo os atuais campeões durante a liga, o NOB não foi capaz de bater a equipe da capital por apenas um ponto: 60 a 59. Ambos tiveram 19 vitórias na competição, porém um empate a mais deu o título ao já premiado time de Nuñez. O melhor ataque do elenco de Rosário não foi o bastante para vencer o equilíbrio de Gallardo, que teve a melhor defesa sob seu comando.

O vice-campeonato não foi amargo ao Newell's Old Boys - foi um feito fantástico perto das campanhas recentes e perto do que poderia fazer com tão escassos recursos. Bater o poderoso River, bater o glorioso Boca em plena Bombonera, fazer 8x0 no clássico de Rosário, fazendo ecoar a voz dos garotos de Newell do Coloso del Parque para o mundo, mas antes para todos os Canallas de Rosário!

A vaga na Libertadores trará um novo patamar ao gestor Castro, que agora terá dobrado seu teto salarial e conseguirá verba para dois ou três reforços pontuais. Veremos a habilidade dele num mercado interno acirrado, com clubes em grande evidência e a sombra europeia para manter os melhores jogadores. A meta é clara, é conquistar a América logo de cara! Possível para os Leprosos

À Libertadores, à Isaac Newell, dizemos que sim!

*** PS: a história na província de Almería ainda segue longe do fim. Aguardem novos capítulos! ***

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