A poucas horas da final da Uefa Champions League, o ressurgimento aurinegro é tema central deste post. Praticamente falido em 2005, o clube de Dortmund se reinventou para chegar ao topo do futebol europeu. Processo que exigiu criatividade e gestão, mas também desapego a interesses individuais e muita paixão. Ou seja, conceitos empresariais e subjetivos mostraram que podem corroborar a um mesmo objetivo.
Há alguns anos, a situação do Borussia Dortmund parecia irreversível. Eram 170 milhões de euros de dívida e o débito crescia 25 milhões de euros por ano. Em novembro de 2004, o atual presidente, Reinhard Rauball, assumiu a direção do clube para ajustar todos os débitos e promover uma revolução gestorial no comando do clube.
Tamanha a crise que o equacionamento da dívida exigiu que o Borussia hipotecasse seu estádio, o velho Westfallenstadion, junto ao Commerzbank. Com criatividade, recomprou do mesmo a parcelas - que serão pagas até 2017, com montante obtido inicialmente pela venda do naming rights para uma empresa, inaugurando o Signa Iduna Park. Estádio que, sob responsabilidade da empresa, foi reformulado e modernizado para a Copa de 2006.
Modernizado, porém, aos moldes do que a torcida pediu, mantendo o tradicional espaço atrás do gol, no qual os fãs assistem de pé, cantando, incentivando - como uma torcida de verdade deve fazer. E com a paixão deles e a força da equipe, o novo Westfallenstadion recebe 80.500 pessoas por jogo - 99,75 % de lotação. Deve-se salientar que Dortmund é uma forte mas pequena cidade, com pouco mais de 500.000 habitantes, que respiram futebol no seu dia-a-dia. Isso tudo acaba gerando não só alento ao time, mas também retorno significativo aos cofres aurinegros.
Projetando a longo prazo, a ideia é de uma gestão sustentável. Rauball e o executivo-chefe Hans-Joachim Watzke, principais responsáveis pela remodelação administrativa, tem como premissa que os gastos não devem exceder as receitas – o que por mais lógico que seja, nem sempre é óbvio na mentalidade do esporte.
Dentro de campo, o processo tornou-se completo em 2008 com a chegada de Jürgen Klopp, técnico capaz de otimizar o trabalho de observação na montagem de um bom time dentro das possibilidades econômicas. Dos 19 jogadores que entraram em campo nesta temporada da Champions, 5 foram formados em Dortmund: Schmelzer, Götze, Nuri Sahin, Grosskreutz e Marco Reus. Gotze, inclusive, já rende altos dividendos com sua venda ao rival Bayern, compensando os investimentos outrora realizados. Completando o elenco, foram precisos em suas investidas, descobrindo, por exemplo, Lewandowski e Kuba na Polônia, jovens promessas das seleções de base como Hummels e Leitner, além talentos emergentes como Gündogan e Subotic em países de ligas menores.
Exemplos que, à cultura local, poderiam muito bem serem implantados aqui na Mooca...
Já disse e repito a quem doa os ouvidos que o maior problema do Juventus é falta de recursos humanos de qualidade, empreendedora e visionária. Os incompetentes de anos e anos à frente do nosso clube se apegam a dívidas antigas e ao gargalo da Javari; esquecem-se, porém, da grandeza e potencial da marca Juventus. Detalhes que contaremos agora...
Independentemente do progresso do mundo, avanços da mecatrônica, equipamentos e tudo mais, o que ainda faz a diferença no mundo é o agente humano. Sem qualidade de raciocínio, lógica e criatividade, os processos nunca irão se desenvolver.
A gestão de uma empresa depende em grande parte destes agentes. Que não são encontrados nas alamedas do clube ou que se escondem muito bem atrás das cortinas de conselhos e outros interesses. Precisamos de pessoas com coragem de correr atrás, com espírito empreendedor e carregando consigo a ideia de que temos nas mãos uma das marcas mais valiosas do país.
Se perguntar pra 10 pessoas que conhecem minimamente futebol, pelo menos 7 sabe quem é o Moleque Travesso. E onde fica a Javari? Quase todo mundo sabe. Certeza. Somos um clube que grande parte dos apaixonados pelo futebol gosta. Ou pelo menos não desgosta. São um mercado-alvo. Podem e devem ser explorados como compradores: de uma camisa, uma flâmula, seja lá o que for.
No entanto nossos dirigentes são mais preguiçosos que o Homer Simpson. Ou envergonhados. Não tem a humildade de correr atrás dos patrocinadores, de parceiros, de gente que queira associar a marca deles a nós.
Preferem, chutando valores, receber R$300.000 de um patrocinador do que R$400.000 de quatro patrocinadores.
Tudo bem que não somos o parceiro ideal. Segundo apurado com conselheiros, a dívida fiscal do clube afasta eventuais aportes financeiros de empresa que estariam dispostas a colaborar.
Equacionar esse problema passa por transmitir credibilidade e respeito ao mercado. Propor a renegociação desse passivo, com o pagamento a longo prazo, 10, 15, 20 anos amortizados e permitindo a reconstrução de capital do clube. Pagamento esse que seria fundamentado em contratos longos de patrocínio, com 3 ou 4 marcas fortes.
Essas marcas, se bem procuradas, aceitariam um projeto bem elaborado. Isso pois com a lei de incentivo ao esporte, baseado em parâmetros legais (algum jurista pode explicar isso melhor), até 1% do imposto devido pode ser descontado. Dessa forma, para grandes multinacionais, bancos e indústrias instaladas no país, um aporte de R$1 mi por ano seria nada perto do retorno fiscal - além claro, do retorno midiático que um patrocínio pode implicar. Valores que se não cabem no futebol, poderiam entrar indiretamente no caixa, fomentando outras atividades esportivas e desasfixiando o futebol profissional.
Porém, contas e mais contas que não fecham, assim como diversas outras que estão paradas no tempo.
Não tem como se conformar que a Javari ainda não tenha iluminação. Não é possível que não se encontre uma parceria que aceite dividir as responsabilidades de uma co-gestão do estádio. Que fique claro, não é vender a Javari nem usurpá-la, muito longe disso. Mas usar a inteligência.
Diz-se que o estádio é um grande gargalo, cuja administração suga altos valores dos cofres juventinos. Por que não buscar uma empresa que banque a iluminação e aceite dividir esse pagamento, tendo a si a possibilidade de explorar o gramado em dias que o clube não o utilize.
Da mesma forma, quem possa restaurar o estádio - sempre fiéis a sua arquitetura e história - em troca de uso eventual. Arrumar os degraus, a cobertura, trocar alambrados (por outro alambrado, nunca vidros!), portões, banheiros, cabine de imprensa.
Nem precisaria ir tão longe. Combinar com uma empresa de tintas que pinte o muro externo à Rua dos Trilhos em troca de placas no estádio ou mesmo voltadas para fora dele. (Por que não pintar esse muro com os dizeres "Campeão Brasileiro de 1983"? Todos devem saber desse título. Parece, todavia, que nossos últimos gestores têm vergonha de expor essa conquista).
E parcerias com hospitais locais para exames dos jogadores, com academias que cederiam período ocioso para treino deles, tudo em troca de retorno midiático e associação a uma marca tão forte como o Juventus. Em vez de buscar isso, ficamos reféns de jogadores sem preparo físico, sem exames mais completos, sem fisioterapia adequada... ou alguém achar normal o zagueiro Casoni ficar um ano parado? E Xavier não se recuperar da pancada nas costelas até hoje? E o excelente Renato não sair do DM nunca?
É difícil porém entender como chegar a patamares mais altos se nem quando se faz boas conexões, elas são valorizadas. O exposição da camisa da umbro foi feita quase que unilateralmente pela marca inglesa, tornando custoso encontrar esse mercado já citado. O retorno por hora parece que vem sendo positivo independente disso - fato que ratifica essa força de marca em que venho insistindo.
A própria questão mais próxima de nós é complicada. Nada do que exposto acima adianta sem um grande time. Mas como construí-lo? Talvez uma base forte e talentos pinçados país afora possa ser o caminho. Um misto do que aconteceu ano passado e no final dessa A2. Não à toa se encontrou Tony Maraial e Saulo renegados no nordeste brasileiro, Thiaguinho perambulando pela bezinha, Pavone sem se encontrar em nenhum time de série A3 - foi feito um trabalho de observação, seja junto a empresários ou com olheiros, foi realizado. Somando a isso o potencial que veio da base grená, certamente um ótimo time se formaria. Ou seja, o trabalho de prospecção de jogadores deve vir em três frentes: exploração pelo país afora, exploração pela várzea e campeonatos menores do estado e a valorização da base. Tripé barato e que renderia ótimos times.
Por fim, tantas ideias precisam ser discutidas, contra-argumentadas e saírem do papel, sejam a esses moldes ou a formas mais inteligentes. Não tenho aqui a pretensão de ensinar o que fazer, mas propor o debate que enriqueça o futuro do Clube Atlético Juventus. Reafirmo que carregamos uma marca valiosa, mas que há muito está esquecida. Temos a obrigação de fazer renasce-lá.
Como se fez em Dortmund...
O tema está na mesa. #ForzaJuve
Por varias vezes fiz estes mesmos comentários para vários conselheiros, inclusive no ultimo sábado, ouvi a seguinte argumentação " o futebol dá prejuízo e precisa acabar" , a preguiça é grande, alguns conselheiros estão ali por vaidade pessoal, somente para brigar por um lugar na tribuna de honra ou para aparecer. Aliado a tudo isso temos um presidente omisso, fraco, inepto, sem criatividade e iniciativa, com um diretor de futebol que, se tivesse vergonha na cara, largaria o cargo, já que este ano não administrou nada e foi encostado e por muitas vezes tomaram decisões sem o seu aval e seu conhecimento. Estamos jogados a sorte, devido a estes administradores que usam o clube para benefícios próprios.
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