Com origens na cidade de Bari, Castro já havia treinado a equipe no passado. Há 7 anos, seu time fracassou na tentativa de subir para o Calcio - e Castro fora demitido com 42 jogos disputados na segunda divisão, um 8º lugar com 69 pontos (1,64 pp), 61 gols feitos (1,45 pp) e 43 sofridos (1,02 pp). A péssima defesa, que era liderada por Di Cesare, foi o maior alvo das críticas.
Quase uma década então depois, uma nova tentativa. E com o mesmo líder de elenco: Di Cesare.
Fundado em 1908, o clube tem longa história de rebatizados e falência. Na sua última crise, rebaixado para a quarta divisão, foi adquirido pelo grupo controlador do Napoli - como uma forma de aumentar o poderio dos times do sul da Itália, tão subvalorizados historicamente.
Os Galletti ou Biancorossi ocupam um estádio projetado por um dos maiores arquitetos do mundo (Renzo Piano), com capacidade para mais de 58.000 pessoas - o lugar em que o clube deveria estar, portanto, é muito maior do que a crise vivida há décadas.
Por isso, Castro - que se provou em tantos clubes após o fracasso na cidade - tinha seu retorno festejado - era a sinalização de retomar a centralidade para o sul da bota e jogar os holofotes sobre o velho galo.
Objetivo em duas temporadas? Acesso no primeiro ano e consolidação entre os dez maiores do país em seu segundo ano.
E assim começou a jornada do SSC Bari, na segunda divisão italiana.
Tudo começou, como de prática na Itália para times da segunda divisão, com um jogo de copa. Sofrido, contra um adversário de divisão - Reggina, o Bari avançou apenas nos pênaltis (3x2) após empate no tempo normal (1x1), em jornada inspirada de Sirigu.
A Copa era a grande chance do Bari de mostrar a cara deste novo projeto - e Castro levou a sério. Na sequência, Perugia (1x0) e Spal (4x1) caíram para o time do sul da bota. E, nas oitavas, o primeiro grande desafio: Atalanta - num jogo muito parelho, 3x1 para o Bari e muita festa! Nas quartas-de-final, 3x0 sobre o Verona e mais uma fase avançada.
Aí chegaram as semifinais, talvez a posição mais "underdog" até aqui: o Bari recebeu a gigante Juventus, que levara seu time reserva para massacrar o pequeno clube. Entretanto, com gols de Amrabat e De Sciglio (contra), o placar final de 2x1 levou ao êxtase a empolgada torcida sulista. Na volta, com ares de superioridade, a Juventus entrou em campo com a mesma arrogância e sofreu o grande revés do ano: 4x1 em pleno Allianz.
A final, contra a Inter no Estádio Olímpico, parou o país. Além do apoio dos milanistas, o Bari tinha todo o resto da Itália em sua torcida. E Castro foi muito ousado: lançou a estreia de Renato Teixeira, garoto brasileiro da base, como titular.
Na linha tênue entre maluquice e genialidade, a decisão se provou espetacular: 2x1 com gols do menino, para tornar o Bari campeão da Copa Itália!
A atenção chamada de todo o país, pelo título, todavia já tinha faíscas na disputada segunda divisão: cabeça a cebeça, o time acabou ficando como vice-campeão, com acesso garantido, mas batido pelo Parma na última rodada: 81 pontos para cada lado, porém com o time amarelo e azul vencendo pelo confronto direto (1x2).
O Bari chegou a assumir a liderança, apesar do início muito difícil na competição, justamente em vitória sobre o Parma - pela 33ª rodada, com gol de Mendoza. Entretanto, o time empatou na rodada seguinte, deixou escapar a liderança e assim o torneio chegou ao fim.
Mas devem ser destacados os números dessa equipe: foram 76 gols feitos, melhor marca da competição - e apenas 17 sofridos, disparado aqui melhor marca. Ao todo, 24 vitórias, 9 empates e 5 derrotas.
Individualmente, Belotti foi o grande nome do torneio, marcando 32 gols em 33 partidas disputadas; Vrsaliko e Vega foram os principais passadores, com 10 assistências cada um; e, por fim, Sirigu obteve a impressionante marca de 22 clean sheets.
O clube, assim, chega a um novo nível na sua história. Remonta à primeira divisão, o Calcio. É campeão da Copa e, consequentemente, ganha a vaga na Europa League, algo que não era sonhado nem nos melhores planos de Casrto.
Os holofotes, discretamente, apontam para o sul da Itália, pro calcanhar da bota. Mais precisamente, destaca-se o farol que ilumina o mar adriático, chamando a atenção para o fenômeno que está acontecendo na tímida cidade de Bari.
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