O Clube Atlético Juventus passa por uma triste fase da sua história. Eliminado precocemente do campeonato da terceira divisão, esse texto descreve os nove jogos disputados em casa pelo time grená. As emoções, alegrias, tristezas e sentimento do que é torcer por um pequeno. São nove, digamos, capítulos. Uma historinha de cada partida. Mais do que qualquer coisa, essas palavras tem a intenção de eternizar um período da nossa história. Da minha história também. Arrisque-se na leitura…e ouça nosso hino no player acima!
Cap I. Bom começo, boas expectativas.
Adversário: Velo Clube. Horário: 15h. Placar final: 2×1 para o Juventus. Estreia na Rua Javari. Sábado de sol e fortes expectativas. A primeira leva de torcedores teve quatro de nós. Após uma derrota na estréia, uma vitória em casa era o esperado. E ela veio. Com Nem e Celsinho. Ainda tomamos um gol, criando aquele sufoco no final. Deu tudo certo. Bora pro próximo.
“Juventino eu sou, e o juve é a alegria do meu coração…”
Cap II. O carrossel grená embala - o dia em que Lafon esteve lá.
Adversário: Barueri. Horário: 15h. Placar final: 4×1 para o Juventus. Vínhamos de vitória, mas não de uma grande atuação. Esta também não foi, apesar do placar. Novamente quatro de nós in loco. E quatro gols, com Marco, duas vezes, Anderson, muito bom zagueiro, ex-Vasco e Nem, o pesado camisa oito. Todos de bola parada. Tudo bem. Pra falar a verdade, a goleada lavou a alma. Pra melhorar, o canolli estava ótimo.Derrubamos o treinador deles, o lendário Lafon, uma das figuras mais marcantes dessas aventuras. Por conseqüência, perdemos o nosso treinador pra eles. Paciência.
“É minha vida, é minha paixão, um sentimento sem explicação…”
Cap III. Empate em casa nunca é bom sinal.
Adversário: Taubaté. Horário: 15h. Placar final: 0×0. Era o líder da chave que vinha nos visitar. Mas a confiança era toda no nosso moleque. A torcida deles até que compareceu em peso, mas nunca o suficiente pra nos irritar. O jogo foi horrível, sem grandes emoções. Empatamos sem gols. O próximo jogo, uma semana depois, era obrigação de vitória em casa.
“A mim não interessa se pode perder, local ou visitante eu venho te ver…”
Cap IV. Segundo empate em casa.
Adversário: Itapirense. Horário: 15h. Placar final: 0×0. Obrigação não cumprida. O jogo foi pior que o anterior. Concorrente direto, o empate nos deixou fora do G4. As perspectivas se tornavam sombrias, no mínimo. Melhor não gastar muito latim nesse jogo.
“Nem a morte vai nos separar, até no céu eu vou te apoiar. Juventino eu sou!”
Cap V. A volta da esperança – um dia generoso.
Adversário: Paulínea: 16h. Placar final: 2×1 para o Juventus. Agora vai. Primeiro jogo de “vida ou morte” do torneio pra gente. Jogo truncado. Marco conseguiu abrir o placar, mas logo veio o empate. No segundo tempo, pênalti pro Juventus, numa típica falta “à brasileira” sobre Rafinha. Marco na cobrança; nas mãos do goleiro. Mas, numa jogada incrível, Robson, que passou por três adversários, tocou para Rafinha, que no bico da grande área, encobriu o goleiro, no chamado golaço. Golaço! Fiquei rouco por três dias. Muita festa na Javari. E ainda diziam que o menino era louco. O Paulínia ainda tentou reagir com a entrada de Generoso, que nos protagonizou o lance mais patético da peleja, ao chutar a bola em seu próprio rosto. Nada mais, vitória grená, e quarta colocação recuperada.
“Esse moleque travesso, que tem nome tradição…”
Cap VI. Quando a torcida puxou a corda que nos enforcou.
Adversário: Flamengo. Horário: 10h. Placar final: 2×1 para o Flamengo. Foi um excelente primeiro tempo. A primeira vez em que víamos um meio campo na equipe. Depois de algumas oportunidades, Rafinha finalizou de fora da área e guardou o 1×0. Na volta para o segundo tempo, o time voltou recuado demais, por recomendações do, até então, técnico grená. Foi quando entrou a “apaixonada” torcida, que, sem motivos aparentes, disparava ofensas e cuspes a qualquer um que estivesse no gramado. Numa cena, no mínimo curiosa, Marco Aurélio, ao ser xingado, virou-se contra o animal que o ofendia e rebateu as críticas, deixando de lado, até o final da partida, sua concentração no campo. Não deu outra, era óbvio. Virada. Pior, quem puxou a corda que nos enforcou foi a própria torcida, aqueles que deviam incentivar a equipe até o fim.
“Merece nosso respeito, é a força jovem da nação…”
Cap VII. Resultado, infelizmente, previsível.
Adversário: Osasco. Horário: 15h. Placar final: 1×2 para o Osasco. Não estive lá. Mas quem esteve não trouxe grandes notícias. A derrota era previsível e o time não fez muito pra alterar as prévias. Tudo bem, ainda dá!
“Que belo time, que belo esquadrão…”
Cap VIII. Fim das esperanças?
Adversário: Internacional. Horário: 15h. Placar final: 1×1. A Inter foi ressucitada pelo próprio Juventus, no primeiro turno. Novamente não estive in loco. E, novamente, os relatos foram de um futebol pobre. Era o fim das esperanças? Não sei, acho que eram. Mas não custa sonhar.
“Juventus amigo, do meu coração.”
Cap IX. Vitória, mas não foi o suficiente.
Adversário: Taboão da Serra. Horário: 10h. Placar final: 1×0 para o Juventus. Precisávamos da vitória para a classificação, além de uma série de combinações de resultados. Foi a maior caravana até então, com 7 pessoas (dentre as 1.499 presentes). O primeiro tempo foi tenso, o gol não saía, à medida também que as oportunidades eram mais escassas. No alto-falante, anunciavam placares que desfavoreciam nosso sonho - Velo, Flamengo e Taubaté venciam. Mas tínhamos o dever da vitória, no mínimo. O segundo tempo começou com uma alteração pedida pela torcida. Cresciam as expectativas do gol. Até que, numa tabela entre Nem e Ralph, este cruzou rasteiro e, numa falha do goleiro, a bola parou, ansiosa por um chute, sobre a linha. Foi quando Celsinho, o bom camisa 9, empurrou a pelota pra dentro, fazendo gritar todo o estádio e devolvendo as expectativas à torcida grená. O jogo terminou 1×0. Os jogadores ficaram no centro do campo, esperando pelos resultados dos adversários. Pra todos, já não era mais tempo. O estádio foi se esvaziando num clima melancólico. Estávamos eliminados. Tínhamos bons valores nesta temporada – dois bons goleiros, Marcelo e Maurício, uma segura dupla de zaga, com Egon e Anderson, um experiente volante, Ramalho, além de Marco, Rafinha e Celsinho. Era pouco, no fim das contas. Talvez nunca mais vejamos este jogadores com a camisa grená. O futebol dos pequenos roda muito, não há tempo para ligações com o clube. Talvez Marcelo, nosso Rogério Ceni, com mais de cem jogos pela equipe, permaneça. Talvez. Ele diz sonhar em ser diretor do clube. Talvez. Nosso moleque ainda tá de castigo na terceira divisão do campeonato paulista. Alguém dirá que poderia ser pior. Sim, sem dúvida. Mas pela nossa história, poderia ser muito melhor…
O moleque travesso não apronta mais. Não pode. Está longe de seus rivais paulistanos, que tanto sofreram com suas “traquinagens”. Temo pelo futuro do nosso Juventus. O futebol grená tem dificuldade pra sobreviver.
Mas o amor não pode morrer. Quem ama seu time nunca vai deixá-lo cair e, se cair, vai ajudá-lo a se levantar, custe o que custar, o tempo que demorar. Herdamos uma camisa e uma tradição, uma história riquíssima. A gente ainda vai voltar. Três, cinco, dez ou cinquenta anos, não importa quando, a gente vai se reerguer. E, que sejam mais décadas na terceira divisão, continuaremos indo lá, sábados à tarde, domingos de manhã, com chuva ou sol, apoiando o nosso moleque travesso, e sempre vestindo, com orgulho, a camisa grená.
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