O sonho tucumano permanece vivo após quase ser desclassificado por W.O. |
Deixemos um pouco de lado a incompetência dos dirigentes do Atlético Tucumán, que, na tentativa de amenizar os efeitos causados pela altitude no rendimento dos jogadores, puseram em risco sua participação inédita na atual edição da Libertadores. Em vez disso, valorizaremos a façanha dos atletas que representaram o centenário clube argentino.
Para quem ainda está alheio aos pormenores da odisseia tucumana, segue aqui um resumo. A equipe comandada pelo técnico Pablo Lavallén deveria encarar o El Nacional, na noite desta terça-feira (3), no Estádio Olímpico Atahualpa, em Quito, no Equador, a 2.850 metros de altitude. Era o jogo de volta da fase classificatória do torneio continental.
A estratégia de chegar ao local da partida em cima da hora para driblar a influência da altitude no organismo, porém, acabou falhando. A empresa aérea de origem chilena Mineral Arways não tinha autorização para realizar voos locais, a saber, de Guayaquil a Quito, e atrasou em três horas a programação do Atlético Tucumán.
Devido à impossibilidade de voar com a Mineral Arways, o clube contratou os serviços da Latam e decolou 40 minutos antes do horário previsto para o duelo. Em meio a todo esse imbróglio, o El Nacional dizia que iria esperar o tempo previsto no regulamento. Qualquer atraso adicional ocasionaria o W.O. e, logo, a desclassificação do adversário.
O avião do Atlético Nacional pousou em Quito 15 minutos após o horário previsto para o início do jogo. Quando os jogadores lá desembarcaram, já havia um operativo para levá-los ao estádio o mais rápido possível. Isso incluiu escolta policial para abrir caminho e um ônibus rasgando a avenida a 130km/h. Até o embaixador da Argentina no Equador, Luis Juez, envolveu-se na questão e pediu paciência so El Nacional, que acabou cedendo.
A delegação tucumana chegou ao Estádio Olímpico Atahualpa desprovida de materiais esportivos, pegou emprestado os da seleção argentina sub-20, que coincidentemente disputa o hexagonal do Sul-Americano da categoria na mesma cidade, e, sem os adequados trabalhos de preparação física, entrou em campo 1 hora e meia depois do previsto.
Apesar de todas as complicações e passíveis críticas à organização do torneio, como já foi mencionado, devemos sobretudo valorizar a façanha dos jogadores. Necessitando da vitória, eles jogaram a partida de suas vidas e não demonstraram cansaço. Depois de tanta entrega, ainda fizeram um gol agônico, de cabeça, no segundo tempo.
Contra todos os prognósticos, seguraram o resultado positivo diante de um El Nacional desordenado para a alegria dos cerca de 2.300 torcedores que viajaram até o Equador para acompanhar o primeiro embate internacional fora de casa do Atlético Tucumán. De quebra, ainda protagonizaram essa façanha vestindo a camisa de seu país, motivo de orgulho duplo para eles. Em outras palavras, foi uma noite comum, em se tratando de Libertadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário