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domingo, 31 de dezembro de 2017
O Reinado Andaluz e a experiência europeia
Tivemos uma temporada vitoriosa para o esquadrão andaluz em 18/19. Em um sprint absolutamente fantástico na reta final do campeonato espanhol, o Almeria tirou 10 pontos em 6 partidas frente ao líder Real Madrid e sagrou-se o bi-campeão de La Liga! Foram 96 pontos e 96 gols nas 38 partidas disputadas. Ainda, na semana seguinte, bateu com facilidade o Barcelona e faturou também a Copa local, a Copa do Rey, com gols de Adriano e Chuli. Por mais um ano, o time vermelho e branco é quem manda na Espanha!
A frustração, pode-se assim dizer, ficou por conta da eliminação nas quartas-de-final da Champions League perante o campeão Bayern de Munique.
De modo geral foi uma temporada muito dura, como explicaremos abaixo. Elenco desequilibrado, tensão e despedidas, quatro derrotas seguidas na liga, falta de verba para novos reforços. Paradoxalmente, grandes vitórias - por exemplo em um grupo de Champions United, Napoli e Dortmund e a liderança obtida com 13 pontos. Um duelo dominante nas oitavas diante do Monaco, bem como uma vitória perante o Bayern em pleno Allianz.
A montagem do elenco ofensivo - o vácuo de Kaká e Villa
A temporada já se iniciou com duas perdas irreparáveis - Kaká e Villa decidiram em conjunto e repentinamente se aposentar dos campos. Isso gerou uma lacuna técnica e emocional que não foi absorvida por todo o ano.
Para encorpar o meio-campo ofensivo, o Almeria trouxe Marlos, Giovane dos Santos e Lodeiro. A ideia de gerar concorrência e melhoria contínua fracassou - Marlos seguiu todo o ano com brilhos esparsos (9 gols e 13 assistências) e os outros dois deixaram o time na metade da temporada.
Sem os veteranos, e ainda com os recursos limitados de um time pequeno, a dúvida era apostar em outros jovens ou em novos medalhões. Admito que ainda é uma dúvida. Para o lugar de ambos a ideia foi trazer um jogador completo com a ousada missão de substituí-los em uma única peça - e essa peça foi Robin Van Persie. O holandês registrou uma passagem discreta porém sempre evolutiva, ajudando no título obtido em sua reta final (9 gols e 8 assistências).
Considerando ainda o poder de artilharia de Villa, o time apostou em Borja - que era seu reserva imediato e fora o melhor jogador no título mundial da Colômbia também comandada por Castro. Entretanto, uma proposta de 42MM do Leisester tirou o avante do plantel andaluz. Para seu lugar chegou o badalado Willian José, por pouco mais da metade desse valor. Willian teve um início arrasador, como artilheiro da Liga nas primeiras rodadas porém decaiu e teve diversos problemas de comportamento - sendo revendido em apenas 6 meses de contrato - ao menos, pelo dobro do valor contratado após 20 aparições e 8 gols feitos.
Agora sem Willian, o Almeria contratou o veterano Pedro - famoso por compor o lado direto de Pep Guardiola no seu espetacular Barcelona. Com problemas de adaptação e a sobrecarga de substituir Villa (algo que já ocorrera no passado em Barcelona), o ano foi de baixa para ele e pouco espaço no time titular.
As debandadas
Com a primeira metade de temporada muito ruim e sem os nomes que o sustentavam (Kaká e Villa), a força de Castro no elenco ruiu. Na abertura da janela de inverno: Trujillo, Morcillo, Alex Quintanilla, Lodeiro, Maxi Rodriguez, José Angel, Emerson e Lodeiro - pediram para serem negociados. Destes, apenas Trujillo e Angel foram convencidos a ficar. Todavia, o golpe mais doloroso veio no último dia de janela, quando o capitão e referência do elenco, Ximo Navarro, pediu para sair por falta de motivação; sua revolta até então silenciosa era tão grande que sua negociação com o Betis ocorreu apenas no nível de diretoria por míseros 5,5MM.
A dependência de velhos conhecidos
Sobretudo no setor ofensivo, o time necessitou de velhos conhecidos para se manter vivo até o final. Corona (2 gols e 3 assistências), Fidel (5 e 8), José Angel (10 e 9, considerando 3 meses de afastamento por lesão), Azzez (4 e 7, ainda que bem abaixo dos outros anos) e Diamanka (7 e 6). Todos com temporadas abaixo do que já realizaram um dia, mas de certo modo fiéis ao time da Andaluzia. Dentre todos, como destaque o garoto Pozo, que chegava à sua terceira temporada no elenco com brilho discreto, porém sempre como opção e nunca solução - firmou-se, ganhou personalidade e ratificou a camisa no elenco titular ao lado de Chuli, fazendo 18 gols e 4 passes finais. Como outro extremo do garoto, a necessidade de utilizar o questionado Quique por tantas vezes, que tivera muitas dificuldades ainda na segunda divisão, mostrou a fragilidade do ataque nesta temporada, com apenas 4 gols e 5 assistências.
Chuli
Com todos o caos que se instalou em Almeria, o pilar que sustentou o time até o final do ano foi o camisa 12, Chuli. Herói do acesso da segunda divisão e coadjuvante brilhante de David Villa no título espanhol, o atacante chamou a responsabilidade de gols, assistências e voz no vestiário. Foram ao todo 25 gols e 11 passes decisivos em 52 partidas, o atleta com mais partidas na temporada. Além da sua primeira convocação ao selecionado espanhol e confirmação da titularidade perante Diego Costa e Alvaro Morata.
Concluindo, a temporada foi vitoriosa em números porém, de longe, a de maior frustração de Castro no comando andaluz. Falta de ascendência no vestiário, resultados ruins, abandonos.. porém dois títulos caseiros. A temporada seguinte necessita de mudanças drásticas - de postura, de elenco, de experiência europeia - se o título da Champions não vier, fatalmente será a última temporada deste já lendário Almeria.
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