Quando deixou o Fortaleza, era clara a posição de Castro como um dos principais treinadores da América. Ao lado de Gallardo e Abel Ferreira, e mais de longe Bianchi e Telê Santana, poucos conseguiram tamanho status. Entre sondagens europeias ou de grandes seleções, o próximo passo (desejado) ainda era no Brasil. E as portas se abriram em mais um tricolor, agora gaúcho: o Grêmio Foot Ball Porto Alegrense.
Vestindo azul, branco e preto, com morada numa das arenas mais modernas do Brasil, Castro teria um orçamento generoso, tornando-o apto de montar um dos maiores times do país.
Com tamanha oportunidade, as exigências também não seriam menores: se, no Fortaleza, campeonato nacional e Libertadores eram um sonho - aqui, no Grêmio, eram obrigação.
A carta branca para contratações jogou o "manager" Castro no mercado, e o clube agiu conforme seus movimentos. Foi montado um elenco qualificado, com excelentes opções, nomes fortes no mercado, como Everton Cebolinha, Calleri, Lucas Moura, Lucas Leiva e Fernandinho.
Ainda, homens de confiança do antigo clube: o novo treinador do Fortaleza colocou à disposição todas as peças de confiança de Castro, os líderes do antigo vestiário. Pois bem, foram muito bem-vindos no novo projeto: Araruna, Walace e Moisés (todos por empréstimo).
Assim se formou o elenco do Grêmio, com: Romero e Martin Silva (goleiros); Araruna, Auro, Laxalt e Abner (laterais); Jailson, Cáceres, Vitão, Felipe e Aderlan (zagueiros); Fernandinho, Lucas Leiva (C), Wallace e Ansaldi (volantes); Moisés, Giuliano e Cueva (meias); Bruno Tabata, Everton, Lucas Moura e Pedro Rocha (alas); Calleri, William José e Pratto (atacantes).
O time logo tomou forma. Na pré-temporada, Leiva e Fernandinho demonstraram que a dupla de volantes, melhor em teoria no país, corresponderia na prática. Giuliano funcionou bem como meia-aberto, Everton e Moura se revezando como homens de velocidade. Moisés, veterano, jogando avançado em sua melhor temporada da carreira. E Calleri: toca nele que é gol - mais de um tento por partida, melhor média registrada no país em anos.
O campeonato brasileiro foi vencido com extrema facilidade, vindo o título com quatro rodadas de antecipação. 18 pontos à frente do vice, o time registrou 21 vitórias e 5 empates, tornando-se campeão invicto, igualando feito do rival Colorado, em 1979. Assustadores 93 gols feitos e apenas 12 sofridos. Calleri artilheiro com 20 gols. Moura, o melhor assistente com 14 passes para gol. E Romero, que teve 15 clean sheets em 20 partidas disputadas. Irretocável.
A Libertadores, com a humildade que não se prega, não foi diferente. Na primeira fase, 18/18 pontos. Depois, 5x0 agregado no Boca Juniors, 6x0 no Velez Sarsfield e 5x1 no Fortaleza - pelas semifinais. Doze vitórias em doze partidas.
O jogo mais difícil, claro, foi a final. Um primeiro tempo tenso, entre Grêmio e San Lorenzo, terminou 0x0. Em campo, o time titular bradado pelas ruas de Porto Alegre: Romero; Araruna, Jailson, Cáceres e Laxalt; Leiva, Fernandinho e Moisés; Everton, Giuliano e Calleri.
Com o artilheiro da Libertadores, Calleri (9 gols), muito bem marcado, espaços sobravam para os homens de trás. E assim, agora a Glória Eterna gremista chegou. Num espaço de dez minutos, Lucas Leiva encontrou Moisés duas vezes - e o meia, de nome bíblico, guardou as duas finalizações no fundo das redes. 2x0. Campeão da América!
E para levantar a taça, uma cria da base tricolor, Lucas Leiva - não só revelado pelo clube, mas atleta cuja história se mistura à gremista, desde aquela Batalha dos Aflitos há pouco mais de 18 anos.
A essa altura, além dos dois títulos, depreende-se que o time passou o ano de 2023 invicto - o clube não sabe o que é uma derrota sob o comando de Castro.
O palco está montado - o Grêmio se coloca como o time a ser derrotado, como o mais forte do país e da América. E 2024 promete ser igual... talvez reforçado, mais forte, seria esse Grêmio imbatível?
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