Não seria a primeira passagem de Castro pelo Portsmouth. Há pouco menos de uma década, o treinador tentou resgatar o time das divisões inferiores da Inglaterra - obteve certo sucesso, mas saiu antes do plano ser concluído, ainda no caminho para a Championship.
As ligações com o time do sul do país, de cidade portuária, ainda eram fortíssimas. E o histórico de acesso com o Notts County, há alguns anos, indicava que o velho conhecido seria a melhor peça para resgatar o time da quarta prateleira do futebol local, a English Football League Two.
Um pouco da primeira passagem você consegue ver aqui: In Pompey We Trust!
Em semelhança à primeira passagem - e de modo óbvio - não havia orçamento para grandes reforços. Com uma base experiente, a tese foi apostar em jovens promessas do futebol inglês, que ainda não tinham experiências nas divisões de elite.
Castro, assim, buscou algumas parcerias em Londres e foi muito bem-sucedido. Nos times de desenvolvimento de Arsenal e Chelsea, principalmente, conseguiu encontrar o volume e a juventude necessários ao promissor primeiro ano no Pompey. De Hale End vieram: Azeez, Cirjan, Salah e Cozier-Duberry; do Chelsea, Hall, Omari Hutchinson e Chukwuemeka; e além deles, Scarlett (Tottenham), Bajcetic (Liverpool) e Rico Lewis - talvez o grande nome - do Manchester City.
A única contratação definitiva, a princípio: Jobe Bellingham, irmão do craque da seleção inglesa, numa cartada de mestre junto ao Birmingham. Em seu contrato, cláusula de divisão de lucros em venda futura e obrigatoriedade de venda para Premier League (Big Six) ou Borussia Dortmund.
A temporada não começou de modo animador. Sem vitórias na pré-temporada (três jogos), iniciando a liga com 1 ponto em 12 disputados e eliminado da Carabao na primeira fase, com 0x5 diante do Middlesbrough.
As críticas sobretudo ao goleiro Macey eram gigantes - e aí se iniciou a reformulação do time. Castro promoveu o galês Edwards, de apenas 16 anos. E nas suas cinco primeiras partidas, cinco vitórias na liga - sendo quatro com clean sheets.
Na primeira parte da competição, o time foi ascendendo, com um time experiente: Macey/Edwards; Lewis, Raggett, Robertson e Hume; Pack, Thompson e Lowery; Jacobs, Curtis e Bishop.
Entretanto, a dependência de Bishop desde o início se fez intensa. E isso mesmo sem as bolas chegando com qualidade. Ali, Castro percebeu que os meninos estavam pedindo passagem: vendeu Jacobs e Curtis, dispensou Macey, ascendeu Omari e Scarlett para titularidade e o time encaixou.
Claro que a oscilação seguia. 4 derrotas em fevereiro (5 jogos), 4 vitórias em março (5 jogos). Eliminações precoces em FA Cup e Papa John Cup, ambas na segunda fase das copas.
E no momento mais crucial da temporada: 12 jogos invictos, entre 35ª e 46ª rodadas e o título sofrido da EFL Two.
88 pontos | 46 jogos, 27 vitórias, 7 empates e 12 derrotas. 78 gols feitos e 50 gols sofridos.
A entrada constante de Chukwuemeka deu mais força ao meio-campo. Lewis Hall entrou na lateral-esquerda e deu tração à saída de bola. E a estrela de Paddy Lane, jovem norte-irlandês que era fundo de elenco e se tornou talismã do clube, com 10 G+A na reta final do campeonato, mudando jogos que pareciam inviáveis.
Colby Bishop, camisa 9 clássico, seguiu marcando jogo sim - jogo não, e finalizou a competição com 24 gols em 46 jogos - sagrando-se artilheiro do torneio. A semelhança no estilo com Jamie Vardy, inclusive, o deu a alcunha de "Vardy from Hampshire"
Seu principal garçom foi Lowery, que finalizou o ano com 14 assistências na liga.
Assim, apesar do insucesso nas copas, a missão principal foi cumprida. O acesso veio com muito trabalho e fé no projeto a longo prazo. Em termos de clube, lucro operacional de £1,35MM (+£14,39MM x -13,04MM) e valor do clube saltando de £15,22MM para £15,70.
Diferentemente da passagem anterior, o intuito agora é chegar à Premier League, é ficar no comando. O próximo passo seria converter as opções de compra em definitivas, selando contratos de longo prazo com as jovens estrelas - Cozier-Duberry, Scarlett, Hall e tantos outros.
A EFL One tem um jogo levemente menos físico e com mais velocidade, e assim as adaptações a serem feitas no elenco são relevantes. Na passagem pelo Bolton, a penúltima na Inglaterra, Castro apostou em veteranos para a segunda temporada, causando problemas no elenco e dificuldades de jogo. Pelo Notts County, a EFL One foi vencida invicta, mas também com injeção financeira fora do comum e reforços desproporcionais para a realidade dos demais adversários.
A realidade do Pompey é diferente, a saúde financeira é central e permanecerá assim. E mesmo com todas as limitações, a confiança é que o novo acesso virá!
In Pompey We Trust - Again!
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