No link seguinte segue a carta do NRE, uma publicação trimestral do Núcleo de Real Estate da POLI - Carta do NRE-POLI - julho/setembro 2010 (no.21-10):
As Oportunidades e os Riscos de Investimentos em Real Estate, fomentados por Eventos Esportivos Globais: A Copa do Mundo de 2014 no Brasil, por Claudio Tavares de Alencar. (CARTA).
Bola pro Mato:
Os investimentos num evento do porte de uma Copa do Mundo visa, basicamente, a atender as demandas existentes. Essas demandas podem ter duas origens:
- Indiretas: espansão e renovação dos parques hoteleiros, aeroportos, mobilidade urbana e todo tipo de infra-estrutura;
- Diretas: construção e/ou modernização de arenas e/ou estádios, instalações esportivas e alojamentos, além de centros de mídia.
Análise - demandas indiretas
- Hotelaria: A FIFA prevê que haja 30% do número de assentos como oferta de unidades hoteleiras. Assim, para um estádio para 60.000 pessoas, precisa-se de 18.000 unidades. A atual situação do Brasil no ramo é crítica, seja nas maiores cidades (Rio de Janeiro e São Paulo), seja nas capitais de menor porte. Há de se frisar que os problemas tem diferentes origens e, logo, diferentes soluções. Uma das questões relevantes em ambas é o overbuilding - que se crie excesso de ofertas a posteriori (que cubram o evento "Copa" e gere ociosidade no período depois do evento). Por um lado, pode-se prever excesso de ofertas em capitais como Salvador e Natal; por outro, vê-se déficit de leitos, como no Rio de Janeiro e em São Paulo. A capital fluminense tem ainda como agravante as Olimpíadas em 2016; São Paulo vive uma situação de turismo de negócio, no qual os hotéis lotam durante a semana de trabalho e esvaziam-se aos fins de semana. Ambas tem a prioridade de construir e ampliar sua rede hoteleira por serem as duas cidades mais visadas pelos turistas no evento e terem a tendência de se consolidarem como "Cidades Globais".
Rio de Janeiro |
Aeroporto de Congonhas, São Paulo |
No Brasil, uma vez a Copa instalada aqui, está implantada a necessidade de aproveitá-la como instrumento catalisador da ampliação da infra-estrutura local, seja nas pequenas, médias ou grandes cidades. Isso pois o Brasil é sabidamente um país cuja infra básica é extremamente precária.Além disso, cria-se a oportunidade de fincar São Paulo e Rio de Janeiro como Cidades Globais, ou seja, que se tornem atrativas para investimentos e negócios.
Um ponto que veremos com maior afinco são os gastos públicos. Num país em que a corrupção é parte do dia-a-dia, do noticiário e muitas vezes exaltada pelos próprios que a executam, a parcela de dinheiro público investido deve ser bem acompanhado pela sociedade e pela mídia, a fim de se evitar desperdícios e desvios. Além, claro, de contestar a presença desse dinheiro em grandes arenas, fruto de parcerias frias e corruptas.
Por fim, deve-se exaltar o legado técnico e gestorial. Adquire-se um grande know-how para grandes eventos e a possibilidade de evoluir e estimular uma geração de engenheiros, gestores, administradores, etc.
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