"A temporada 2022/2023 foi de domínio local. Exatamente, a Champions League segue sendo um sonho apenas."
Assim começou a última resenha da história andaluz. 2023/2024 foi o extremo oposto, com todos os campeonatos locais perdidos. Mas quem liga? A Champions League é nossa!
Foi uma das temporadas mais malucas da carreira de Castro. O time entrou em decadência física, refém de lesões e da idade do elenco. Entretanto, com garra total, o almejado título internacional chegou. Chegou no quarto ano deste trabalho - mas após sete temporadas totais à frente do Almería. Mais do que felicidade, um alívio para o treinador e toda a comunidade andaluz.
[Elenco] A grande chaga do elenco era sua idade. Sergio Ramos, Piqué, Modric e Marcelo, titulares absolutos, não tinham mais a mesma condição atlética. E o clube pagou por isso, com a perda de títulos relevantes. Claro que haviam grandes talentos jovens, dentro do elenco - como Martinelli e Darwin ou reforços - como Bruno Guimarães, Camavinga e Firpo, mas a transição machucou. Tanto que alguns foram afastados do time ao final da temporada, como Sergio Ramos; Piqué negociado na janela de inverno; e Modric indo de maior estrela à reserva de luxo. Ainda, quase todo o elenco teve sua má-fase durante a jornada, contribuindo para a oscilação demonstrada nos dez meses de temporada. Do numeroso elenco, destaque absoluto e isolado para Josef Martinez - principal artilheiro (37 gols) e assistente (22 passes decisivos) do elenco - o venezuelano, aliás, liderou as estatísticas nestes quesitos também em La Liga.
Goleiros: Emiliano Martinez, Muslera e Tarrés.
Defensores: Bellerin, Azpilicueta, Preciado, Marcelo, Laxalt, Marino e Junior Firpo; Sergio Ramos, Bruno Alves, Pablo Marí, Salcedo, Piqué, Eric Garcia e Cuenca.
Meio-campistas: Robertone, Ceballos, Lazo, Olivera, Modric, Bruno Guimarães, Appiah, Caicedo, Pardo, Carlos Vela, Camavinga, Riveros, Marchetti, Palacios, Gonzalez.
Atacantes: Josef Martinez, Darwin, Martinelli, Danilo, Sadiq, Ramazani e Lucas Pelé.
[Supercopa da Espanha] A temporada começou estranha. Ainda fazendo testes, o clube disputou a final da copa entre os principais campeões locais na temporada anterior. Mesmo favorito, o Almería perdeu a final para o copeiro Atletico de Madrid, 2x3. Sinal amarelo na Andaluzia.
[Copa do Rei] Ao final da temporada, jogando todo o torneio com equipe alternativa, mais uma final contra o escrete de Diego Simeone. E um resultado assustador: no Mestalla, 1x4 para os madrilenhos e segundo torneio perdido na temporada. Restaria apenas La Liga ante a tríplice coroa do ano anterior.
[La Liga] Atual campeão, o Almería era novamente favorito junto a Barcelona, Real Madrid e Atleti. Porém a jornada de 38 partidas se tornou uma maratona longa demais para o envelhecido elenco. Como já citado, muitos nomes não aguentavam o jogo corrido de La Liga, e com adversários de nível alto, que conseguiam subir a régua ano após ano. Assim, 2023/2024 foi dolorido. Os 125 gols de um ano se tornaram 116 - mas pior, os 25 sofridos se tornaram 45, pior defesa entre os cinco primeiros colocados da temporada. E as 5 derrotas pesaram muito: concorrente direto, o Barcelona foi mais eficiente e levou o campeonato, com 94 pontos contra 93 do Almería. Ou seja, zero títulos locais.
[Champions League] Num grupo difícil, o Almeria foi soberano diante de Liverpool e Lyon. Era um claro reflexo do foco da equipe na temporada - sem desculpas para outros fracassos, mas a orelhuda era a principal meta do ano, praticamente uma obssessão. Pelas oitavas-de-final, confronto apertado mas vitorioso contra o Borussia Dortmund (4x2 no agregado); pelas quartas-de-final, também jogos parelhos, mas com a defesa sofrendo mais (5x3 no agregado). Absolutamente concentrados para os jogos de semifinais, contra o poderoso City, vitórias impiedosas - e agregado de 7x2. Se o ataque ia bem, a defesa sofria com gols em todas as partidas. E como se fosse um fantasma, a final seria diante do Barcelona, que acabara com o sonho do bicampeonato nacional. Em campo: Emi; Azpilicueta, Eric Garcia, Salcedo e Marcelo; Robertone, Bruno Guimarães, Ceballos e Lazo; Darwin e Martinelli. Um jogo insano: o Almeria abriu o placar (Robertone), tomou a virada e foi buscar quase no apagar das luzes, com Darwin e Junior Firpo, que substituira Marcelo. O Bernabeu, que sediava a final, veria o título ser definido nos pênaltis: e com brilho de Martinez, 3x0 (após 3x3 no tempo normal e prorrogação) e um peso descomunal saindo das costas de Castro, de todo elenco e de sua comunidade: Almería campeão da UEFA Champions League!
Castro vencera a UCL com o Ajax em seu primeiro ano; com o Torino em seu segundo ano; com o Notts County em sua quinta temporada - após sair das profundezas da quarta divisão nacional. Assim, o peso de não vencer com o Almería, cidade de seus antepassados, era muito duro para Castro. Quarto ano consecutivo, sete anos de trabalho total. Mas acabou! Agora o futuro pode continuar livre, leve e promissor!
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