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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Defendendo a "Muralha Amarela"

Castro viajava agora para a Alemanha, para um desafio inédito em sua carreira: vencer a disputada Bundesliga! Disputada entre meros mortais, porque o Bayern há muito tempo mantém sua dinastia bávara viva. Agora em Dortmund, o treinador brasileiro foi recebido com o carinho e a esperança de todo um Signal Iduna Park, abençoado sobretudo pela muralha amarela que grita e pulsa atrás do gol todos os jogos. Se a missão era difícil, ela se tornava (quase) impossível: além de terras locais, resgatar a taça da UEFA Champions League, vencida em 1996/1997, pelo imortal time de Matthias Sammer e Ottmar Hitzfeld.

Temporada 2020/2021

Castro assumira o Borussia Dortmund com a missão de eliminar a posição de eterno segundo lugar da Alemanha ou de sombra do poderoso Bayern. Isso passava por mudar a filosofia do clube, que sempre foi, de certo modo, investir em jovens. Não que isso não devia ser feito, mas devia tomar apenas parte do orçamento - assim, as contratações foram separadas em três blocos: 

(i) jovens promissores,
(ii) jogadores experientes, e 
(iii) caras que mudam um time.

Claro que o primeiro ano sempre é difícil, talvez as únicas chegadas no terceiro calibre foram Ilkay Gundogan (repatriado, digamos) e Gabriel Jesus, no auge de sua carreira. Como caras experientes, o destaque fica para Granit Xhaka, como volante e desde início titular absoluto. E na classe de jovens promissores: Wirtz, Fofana, Luis Diaz e Rafael Leão.

E, como justiça dos treinos, todos tiveram oportunidades - inclusive, o time-base da temporada abrigou jogadores das três frentes: Burki; Meunier, Can, Hummels e Guerreiro; Gundogan e Xhaka; Sancho, Reus (C) e Luis Diaz; Haaland (Gabriel Jesus).

Elenco: goleiros - Burki e Hitz; laterais: Meunier, Piszczek, Passlack, Guerreiro, Schulz e Schmelzer; zagueiros: Can, Hummels, Fofana e Zagadou; volantes - Gundogan, Xhaka, Dahoud, Witsel, Bellingham, Osterhage e Bafounta; meias - Reus, Wirtz, Hazard, Knauff e Reyna; atacantes: Sancho, Luis Diaz, Rafael Leão, Álvarez, Haaland e Gabriel Jesus.

> Bundesliga: campeão (85 pontos)
> DFB-Pokal: eliminado nas semifinais
> Supercopa Alemã: vice-campeão
> Champions League: eliminado nas oitavas-de-final

Bundesliga - o começo meteórico animou o Signal Iduna Park - sete vitórias consecutivas, incluindo um 2x0 diante do Bayern. Com um empate aqui, outra derrota ali, o BVB se manteve desde então na dianteira. O Bayern perseguia, ajustava a diferença, mas nunca o bastante para ultrapassar. Não que a jornada tenha sido perfeita: um surpreendente 0x7 para o Hoffenhein colocou Castro em dúvida na metade do campeonato, apesar do retrospecto. A maior goleada veio somente nas últimas rodadas, 10x1 contra o Mainz. Em geral, as 34 rodadas reservaram 27 vitórias aos aurinegros, com 4 empates e apenas 3 derrotas; 89 gols feitos (melhor ataque), 32 sofridos (segunda melhor defesa) e o total de 85 pontos - 6 à frente do velho rival. 

Parada: Ainda em dezembro, a grande promessa Haaland se lesionou (LCA) e perdeu todo o segundo semestre da competição - dando a vaga de titular ao brasileiro Gabriel Jesus, reduzindo o curto elenco e prejudicando todo o desenvolvimento da temporada e as outras competições. No percurso, ainda Gundogan e Diaz perderam um mês cada, atrapalhando também na condução paralela dos torneios.

DFB-Pokal - o time começou, assim como na Bundesliga, imparável: 8x0 no Union Berlin; na rodada seguinte, 3x0 no Hertha. À medida que a competição afunilava, adversário mais difíceis, como o Frankfurt nas quartas, em vitória suada por 2x1. As semifinais, no meio do calendário do segundo semestre, chegaram entre todas as lesões e cansaço possíveis - e não deu outra, 1x3 para o Leverkusen e eliminação frustrante na copa.

Supercopa da Alemanha -  a Supercopa foi o primeiro jogo oficial do calendário e marcou o confronto inicial contra o Bayern nas competições. Um duro 0x1, o vice-campeonato, amargado pelo gol de Lewandowski.

Champions League - um grupo de dificuldade média, com Lazio, Club Brugge e Saint Johnstone. E, nele, liderança com 16 pontos, 19 gols feitos e apenas 3 sofridos. Cabeça-de-chave no mata-mata, o Dortmund porém não chegou longe: abriu as oitavas-de-final, fora de casa, perdendo por 0x1 para a Inter. E no esperado jogo de volta, sem chance alguma, o BVB tomou 0x2 e deixou precocemente a competição europeia, decepcionando clube, comunidade e todo o grupo, claro.

Temporada 2021/2022

kickoff dos dois anos de gestão de Castro foi dado, com parte do plano sendo cumprido. A expectativa era vencer também a Pokal e avançar para estágios mais críticos da UCL - que teve o Bayern como vice-campeão. Para 2021/2022 a expectativa era de reforços significativos, sobretudo na linha defensiva, que careceu de opções. E também se prevenir de lesões, que bem ou mal, prejudicaram muito o andar da temporada - Haaland é um dos maiores talentos mundiais e sem ele, tudo ficaria obviamente mais difícil. 

Para tanto, chegaram ótimos nomes na janela de verão: Hakimi, Theo Hernandez, Zinchenko e Gakpo. Aliado a isso, nenhuma peça da principal rotação foi perdida, tendo apenas alterações no segundo nível do elenco, com saídas por exemplo de Thorgan Hazard, Hitz, Zagadou, Witsel e Schulz. Ainda nas movimentações, mas já na janela de inverno, chegaram Bernd Leno, Saliba e Neuhaus. Por outro lado, o Dortmund sentiu a sáida de Dahoud, após uma dura postura do atleta durante a renovação contratual.

Elenco: goleiros - Burki e Hitz; laterais: Meunier, Piszczek, Passlack, Guerreiro, Schulz e Schmelzer; zagueiros: Can, Hummels, Fofana e Zagadou; volantes - Gundogan, Xhaka, Dahoud, Witsel, Bellingham, Osterhage e Bafounta; meias - Reus, Wirtz, Hazard, Knauff e Reyna; atacantes: Sancho, Luis Diaz, Rafael Leão, Álvarez, Haaland e Gabriel Jesus.

Ao final do ano, como se verá abaixo, objetivos cumpridos - todos os títulos do ano conquistados. Percentuais também melhoraram em massa: mais vitórias, menos empates e derrotas, maior média de gols feitos e minimização da média de gols sofridos.

> Bundesliga: campeão (93 pontos)
> DFB-Pokal: campeão
> Supercopa Alemã: campeão
> Champions League: campeão

Bundesliga - um início conturbado marcou os primeiro passos na liga alemã. Com três tropeços nos primeiros jogos, a liderança ficou um pouco distante; entretanto, à medida que o time pegava entrosamento com as novas peças, as vitórias chegavam - e a liderança veio no primeiro turno justamente após jogo contra o Bayern: em casa, vitória por 3x2, com hat-trick de Erling Haaland, na 13ª rodada. Aliás, a volta contra o Bayern foi um jogo agitadíssimo, que culminou num 2x2 no Allianz, sendo novamente os gols da besta norueguesa. O título chegou antecipadamente, na 31ª rodada: goleada (6x0) contra o Mainz e caneco erguido na casa do adversário. O time evoluiu muito, e chegou ao final com 93 pontos, ante 79 do vice-campeão, Bayern. O ataque marcou 103 gols (+14 versus 20/21) e sofreu apenas 19 (-13 versus 20/21)

DFB-Pokal - nos estágios iniciais, vitórias sobre Wolfsburg (3x0), Eintracht (2x0) e Monchengladbach (5x2). A semifinal da copa foi nada menos que épica: em casa, o Dortmund recebeu o Bayern. E os visitantes abriram 0x3 e assim seguraram até os 70' de jogo. No minuto 71', Gundogan descontou para os aurinegros. Aos 81', Ilkay diminuiu a desvantagem. E aos 89', Marco Reus cravou a prorrogação! No tempo extra, o Bayern logo conseguiu o 3x4 - porém, não contava que Gundogan fosse para o hat-trick e garantisse as cobraças de pênaltis. Na melhor de cinco, 3x0 para o time local e muita festa na ida pra final da DFB-Pokal. Na final, um jogo com domínio extremo do Bayer Leverkusen, seja em posse de bola ou chances para gol; o Borussia jogou recuado, tentando explorar os contra-ataques: e assim chegou na vitória (e no título) com dobradinha de Luis Díaz! Final, 2x1 e título da DFB-Pokal.

Supercopa da Alemanha - a Supercopa foi um jogo maluco, de viradas e muita intensidade. Diante de um valente Wolfsburg, o Dortmundo conseguiu a vitória por 3x2.

Champions League - na fase de grupos, classificação em primeiro lugar (13 pontos) contra Benfica (13), Chelsea (7) e Spartak (1). Pelas oitavas-de-final, o Dortmund amassou o Milan em pleno San Siro, por 3x0; o jogo de volta, administrado pelos aurinegros, terminou em 1x1, mas com excesso de sofrimento - o gol milanista, honrando a lei do ex, foi marcado por Thorgan. Já nas quartas, o duelo icônico diante de Jurgen Klopp: no Signal Iduna Park, um dos melhores jogos da história do time da casa e um sonoro 5x0, em partida absurda de Theo Hernandez, anulando Salah, gerando assistência e gol; no jogo de volta, assim como a volta das oitavas, um tranquilo 1x1. Nas semifinais, um duelo diante do surpreendente Tottenham Hotspur - mas sem chances para o time inglês: 5x0 em Dortmund e 4x0 em Londres. Assim, chegara o último dia de Castro em Dortmund, o dia para coroar a tríplice coroa e justificar o investimento ao longo desses dois anos - contra o Atleti, de Diego Simeone, melhor defesa da competição - entretanto, um jogo fácil! Resumindo, 6x1 para os aurinegros. Aos 14', Haaland e Gundogan basicamente já haviam finalizado as chances de reação. Poucos minutos após, o alemão soltou um canudo de fora da área em passe de Xhaka. No segundo tempo, Theo e Haaland (mais duas vezes) decretaram a goleada, descontada por Álvaro Morata. O Dortmund conquista o bi-campeonato da UCL, que veio pela primeira vez em 1996/1997. Os aurinegros superam o Bayern no começo de década e se consolidam como o maior time alemão da atualidade!

Resumo da carreira

Ao todo, em duas temporadas, Castro conquistou (principalmente) o bicampeonato da Bundesliga e uma edição de Champions League, exatamente como fizera o time de Ottmar Hitzfeld nos anos 90, considerados de ouro para o clube. 

Em 110 partidas, 90 vitórias e exatos 310 gols anotados sob seu comando. 

O jogador com mais atuações foi o goleiro Burki, com 83 partidas.

O artilheiro, Haaland, com 67 gols. E o principal assistente, e capitão do elenco, foi Marco Reus, com 42 passes decisivos para gol.

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